É dezembro, por cá o frio chega sem pressa e de falinhas mansas, faixas de luz torneadas em contornos reluzentes penduram-se no alto, as montras reenfeitam-se à moda enfadonha da época, aos sons de uma cidade em constante desassossego juntam-se as já gastas baladas e o bip desvairado e incessante das caixas registradoras. É natal, e a cidade prepara-se para consumir-se a si própria.
Com a atenção desmesurada e bem planeada na família nuclear, consome-se o sentido de comunidade e diversidade. Com a atenção desmesurada e bem planeada em encher casas de presentes, consome-se o sentido de partilha e criatividade. Com a atenção desmesurada e bem planeada em seguir tradições esvaziadas, consome-se o sentido de pertença e conexão. Com a atenção desmesurada e bem planeada em só consumir, consome-se qualquer sentido em celebrar.
E nós queremos celebrar!
Em sonhos, nos perdemos a imaginar um outro dezembro, um em que o jogo se inverta e o que é consumido, até à extinção, seja tudo aquilo que nos sufoca e controla. Que um dia, nos dias mais escuros de dezembro, quando o tempo encolhe para voltar a expandir, das sombras do nosso entusiasmo reluzirão fogueiras atrevidas em cada esquina. Nelas arderemos todas as câmaras de vigilância, trotinetes e placas de alojamento local da cidade. Nelas arderemos o medo e o luto de um mundo que já foi. A vida sairá à rua e, em danças erráticas, celebraremos, juntes!
Esse e tantos outros sonhos, emanam da vida colectiva e partilhas entre seres na Disgraça. Mas mais do que sabermos onde estamos a ir, sabemos exactamente onde não queremos estar. E todas as outras respostas eventualmente virão. Até lá experimentamos e erramos, e voltamos a tentar.
E para que tudo isso continue, precisamos de assegurar que o espaço deixe de estar à mercê de um senhorio. Continuamos a precisar de dinheiro à fartura para comprar o espaço.
E que melhor boicote a este natal, do que em vez de encher a casa de prendas, encher o crowdfunding da Disgraça de chorudas doações.
Maneiras de ajudar na compra coletiva da Disgraça
- Doa na nossa companha online do GoFundMe, ou então se preferes doar de forma anónima recurrentemente, através do nosso Liberapay
- Organiza benefits no teu centro social local! Se precisares de ajuda entra em contacto connosco: disgraca@riseup.net
- Podes fazer um empréstimo pessoal sem juros e flexível: disgraca@riseup.net
- Partilha as nossas zines e material, acessíveis aqui, e as campanhas online nas tuas comunidades!
Na agenda dos próximos dias vai haver:
Segunda-feira, 23 de Dezembro:
DIY Monday, a partir das 17h.
Amor e raiva.
Keep the socks and give us the money! [English]
It’s December, and over here the cold arrives without any rush and soft-spoken, strips of light turned into glittering contours hanged high from above, shopwindows redecorated in the tedious fashion of the season, and to the sounds of a city in constant unease are added the already worn out ballads and the unending, frantic bips of the cash registers. It’s christmas, and the city is preparing to consume itself.
With the incommensurate and well planned attention of the nuclear family, the sense of community and diversity is consumed. With the incommensurate and well planned attention on filling up houses with gifts, the sense of sharnig and creativity are consumed. With the incommensurate and well planned attention on following hollowed out traditions, the sense of belonging and connection are lost. With the incommensurate and well planned attention hell bent on consuming alone, any sense of celebrating is consumed.
But we want to celebrate!
In our dreams, we lose ourselves imagining another december, one in which the tables are turned upside down and what is consumed, all the way until it no longer exists, is all of that which controls and suffocates us. That one day, in the darkest days of december, when time itself shrinks only to expand back, from the shadows of our enthusiasms, naughty bonfires will burn bright in every corner. In them, we will burn all surveillance cameras, all scooters, all the guest houses’ plaques of the entire city. In them, we will burn the fear and the mourning of a world that once was. Life itself will flow back again into the streets, and in scattered dance steps, we will all celebrate together!
This and so many more dreams emanate from the collective life and sharing between all the different beings in Disgraça. But much more than knowing where we’re going, we know exactly where we don’t want to be. And all the answers will eventually come. Until then, we experiment, we fail, and we try again.
And for all of that to continue, we need to make sure that Disgraça is no longer at the whims of a landlord. And we still need a whole lot of money to collectively buy the space.
And what better way to boycott this Christmas than, instead of filling houses with gifts, to fill Disgraça’s crowdfunding with hefty donations.
Ways to help us collectively buy Disgraça
- Donate through our online GoFundMe campaign, or if you prefer recurrent anonymous donations, then through our Liberapay
- Organize benefits in your local social center! If you need any help, reach out to us at disgraca@riseup.net
- Give an interest free solidarity loan! disgraca@riseup.net
- Share our zines and other materials we might have, you can find them here, as well as our online campaigns on your communities!
From the next days’ schedule:
Monday, 23 December:
DIY Monday, starting at 5pm.